O encontro.
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Já tinha reparado nela. Não havia como não, de cada vez que a ouvia sentia que um dia ainda nos iríamos sentar para conversar. Não sei se esta sensação se manifestava somente no meu inconsciente ou se tinha deveras a percepção do que estaria para acontecer. A minha vida decorria numa normalidade estacionária. Uma normalidade igual à de tantos outros, com a diferença de ser a minha vida e a minha normalidade ser anormal para muitos. Não me perguntem porque motivo ela reparou em mim. Terei falado alto demais? Tal como eu, no que lhe dizia respeito, talvez ela ouvisse com ponderação as palavras por mim enunciadas. Certo dia, enquanto ouvia as vozes dos outros, dos que me rodeavam. Ela aproximou-se. Sentou-se ao meu lado e disse que tinha uma história para me contar, uma história sobre o tempo, sobre a sua fugacidade. Escutei. Quando terminou, senti dentro de mim uma desmesurada desordem de sensações que conduziram à superfície emoções de um calibre excessivo. Não podia ser! Aquela história não podia ser real. Com um sorriso sereno, assegurou-me que era. Com a promessa de que voltaríamos a falar, afastei-me. Agora, encontrava-me perante um dilema. Seguir em frente, mergulhando uma vez mais na normalidade anómala da minha vida, ou parar para pensar na história da fugacidade do tempo? Parei. Pensei. Lutei contra sentimentos contraditórios. A história não me tinha agradado, mas quem a contou sim. Debati-me contra o meu enraizado egoísmo que já vem de longe. Um egoísmo que me protege, aprendi com a vida que tenho de me resguardar para não sofrer. E este resguardo muitas vezes pode ser traduzido numa ténia e covarde palavra: fuga. Iria voltar aquele banco aonde tínhamos conversado ou iria fugir? Retornei. Ela era uma pessoa encantadora que só iria acrescentar em vez de subtrair. Desta vez, coloquei numa prateleira bem elevada o meu egoísmo, os meus receios. Não ia a lado nenhum. A fugacidade do tempo não me iria paralisar. Desde então, encontramo-nos sempre que nos apetece no nosso banco. A cada dia que passa gosto mais dos momentos partilhados e, da pessoa com quem os reparto. No nosso tempo há espaço para gargalhadas, para sorrisos, para conversas. No nosso tempo este não é fugaz. Hoje posso dizer que a considero uma amiga, palavra que uso somente quando faz sentido, quando está envolvida por uma genuína intensidade. A força que ela me transmite é colossal e, mesmo sabendo dos seus momentos de fraqueza é uma inspiração para mim, apesar de não se achar meritória de o ser.
Irei estar sempre nas imediações do nosso banco. Por ela, apaguei do meu léxico a palavra fuga.
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Este texto, só tu o vais entender.
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I run for hope. I run to feel, i run for the truth of all that’s real.
I run for you and me my friend.
I run for life.
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PARABÉNS, um dia feliz! Aqui mando eu. Adoro-te
(gargalhada)
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