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Cantando e Dançando por uma Enterro de Sonho.

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Tenho plena consciência de que vocês já devem estar cansados de me ouvir dizer que não compreendo os humanos. Desculpem qualquer coisinha, mas aqui vai mais uma vez: eu não consigo entender os terrestres, não consigo. Por vezes questiono-me se o problema estará em mim, mas é algo que dura apenas uns meros segundos.

No outro dia enquanto me encharcava de Coca-Cola fazendo zapping, dei com uma das novas pérolas da TVI. Eu não alcanço muito bem o mecanismo do programa, mas fiquei com a sensação de que é uma variante do velhinho Big Brother. Uma variante tipo casa dos horrores com música.

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Aquilo funciona mais ou menos assim, - perdoem-me se não for exacta, mas não tenho por hábito acompanhar o programa - foram escolhidos uns quantos casais que pretendem obter um casamento de sonho à borla. Após a escolha feita separaram os terrestres, uns ficaram isolados numa casa - tipo Big Brother - aonde têm de prestar provas, enquanto que as suas almas gémeas cantam e dançam numa gala apresentada pela Julinha pinheiro. Vão sendo atribuídos pontos aos casais consoante as suas prestações e os mais beras são expulsos do programa. Os finalistas terão um casamento de sonho oferecido pela estação.

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Isto é por demais patético ou sou só eu?

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As variantes do decrépito Big Brother não cessam. O que se seguirá?

Ora eu tive uma ideia para propor às várias estações. Porque não, cantando e dançando por um enterro de sonho? Vistas bem as coisas, morrer também implica inúmeras despesas e no estado em que se encontra o nosso país, seria serviço público.

O sistema podia ser o mesmo. Eram escolhidos casais - de certa idade - e obrigavam os desgraçados a dançar e cantar - tal como os actuais noivos - o casal eleito teria direito a um compromisso por parte da estação de que quando a sua hora chegasse, todos os custos do enterro estariam a cargo do programa.

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Não me parece uma má ideia. Pelo menos dançavam e cantavam por algo meritório e a estação teria a certeza de que o dinheiro seria bem empregue. Pensem lá comigo, estes noivos que querem um casamento de sonho a toda a força, vão acabar por ser um desperdício de dinheiro para a estação, se tivermos em conta as estatísticas no que se referem aos divórcios em Portugal.

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Cantar e dançar por um enterro de sonho seria bater no fundo do poço Alien! Seria mesmo? Já que estamos em queda vertiginosa, ao menos que apresentem ao povo português um programa com uma forte vertente de serviço público.

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O mais assustador é ter consciência de que se apresentasse esta minha proposta à estação de televisão, corria o sério risco de esta ser aceite.

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Sempre ouvi dizer que quando caímos não passamos do chão, como estava errada.

Que mais virá a ser criado em nome das audiências? Tenho medo. Muito medo.

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Já comecei a arrumar as minhas malas. I’m "gone" soon.

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Mas isto sou só eu

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“Two things are infinite: the universe and human stupidity; and I'm not sure about the universe."

Albert Einstein