
O Desafio do Gemini.
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"Uma Forma de Ver as Coisas" é o nome do Blog e, se clicarem nesta animação que criei do Terrestre Gemini vão lá dar num segundo.
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O desafio é simples e bem mais interessante do que escrever aqui as minhas manias. Não tenho nada contra quem as escreve, até gosto de as ler. No entanto este desafio, estimula mais o meu lado criativo.
Aceitei o desafio de escrever um conto de Natal.
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O dia em que ela passou a acreditar no Pai Natal.
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Tinha abusado. Levou a vida ao limite. As drogas, o álcool, deixou descarrilar o seu comboio. Quando deu por si, estava fechada num local estranho, com odores invulgares , de onde não podia sair de livre vontade. Era nova naquele espaço desconhecido,não sabia como agir e ninguém demonstrava sequer dar pela sua presença.
Todos os dias ao almoço, sem entender porquê, nunca tinha garfo. Como uma criança perdida, esperava que as outras acabassem de comer - enquanto a sua comida arrefecia - para que lhe lavassem um garfo e pudesse assim almoçar.
Um dia enquanto aguardava, uma senhora de cor, acenou-lhe com um garfo. Ficou sem reacção, e as palavras que ouviu foram: " se não tiveres nojo, podes usar o meu. Eu não o vou usar."
Levantou-se da mesa, com aquele jeito de criança que tinha porque ainda o era, e timidamente alcançou o garfo, deixando um "obrigada" sair de uma forma verdadeiramente sentida.
No dia seguinte, o cenário repetiu-se, e no outro, até que por magia a rapariga passou a ter um garfo só seu de cada vez que se sentava na sua mesa para tomar as suas refeições. Desde o dia em que aceitou o garfo da senhora de cor, esta resolveu proteger esta miuda dos perigos que a rodeavam. Era um rochedo negro, que bastava abrir os olhos para alguém, que a mensagem estava dada. Tinha também - o que a rapariga veio mais tarde a descobrir - um lado sensível e era uma pessoa que tinha um coração de ouro, posso mesmo dizer um coração condoído.
Durante os meses que a rapariga passou naquele local, de cada vez que alguém se aproximava dela, tinha sempre dois olhos a proteger as suas costas. Uns olhos negros. Meigos. Amigos.
Até hoje, ela não sabe o que foi dito para que a sua mesa fosse brindada com um garfo como as outras, mas sabia quem tinha invertido a situação.
O nome deste anjo negro era Aldonza. A rapariga continua a ir visitar a Aldonza religiosamente. E sim! Agora,acredita no Pai Natal, porque durante todos os meses em que se encontrou naquele local, quem lhe oferecia segurança, amor, quem lhe dava motivos para sorrir, era uma pessoa só. E se tinha dúvidas da existência do Pai Natal, então ele apareceu quando ela mais precisava.
Ao sair sair daquele local, verificou que não era Dezembro, nem sequer Novembro estava em Junho. Mas será que era preciso uma data para ela berrar do fundo dos seus pulmões que acreditava no Pai Natal? Que acreditava que para ela o Pai Natal não é nada mais do que amor?
Ela agora acreditava. E sentia-se afortunada por acreditar.
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Este foi o meu conto de Natal.