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O Pombo Correio nem recebe subsídio de desemprego.
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A evolução do ser humano é um processo natural e irreversível e, acarreta um número infindável de consequências que podem ser nefastas, dependendo claro, do ponto de vista de quem as observa. Há coisas que me fazem pensar. Muitas delas são ridículas para alguns terrestres, mas não o são para mim, e isso é o que interessa. Eu. O que me chama a atenção e o porquê?
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O meu neurónio é muito instável, muitas vezes tenho de o acordar, outras tenho de lhe pedir por favor para trabalhar. Quando o faz até que se porta bem, mas é deveras instável. O que evidentemente faz com que o meu processo de aprendizagem seja lento. Admito. Sou uma Alien lenta porque tenho uma porra de um neurónio instável.
No entanto, quando estamos os dois em sintonia reparamos em detalhes que por vezes são grandes.
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Este anúncio da Fedex não está aqui à toa - ainda não atingi o patamar da insanidade total - está aqui com um propósito elementar, o de ligar dois mundos.
Por este Portugal a fora, será que em alguma aldeia perdida no mapa, os Pombos-Correios ainda têm emprego? Será que ainda percorrem o céu levando consigo uma mensagem que deixará uma pobre alma mais informada?
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Tenho de vociferar bem alto: sou contra a situação em que se encontram os Pombos-Correios; no desemprego.
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Acham ridículo? Então digam-me uma coisa meus queridos terrestres. Não é muito mais ridículo o poder que as novas tecnologias detêm sobre a raça humana?
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O anúncio da Fedex brinca com isso, ou podemos dizer que tenta ir contra a corrente. Uma carta enviada através da Fedex chega primeiro do que um e-mail ou uma SMS ou até do que um telefonema. Não é possível, eles sabem. Mas brincam, e o anúncio tem piada porque desafiam a rapidez dos outros meios.
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O ser humano já não sabe viver sem os brinquedos que a evolução lhe proporcionou. Mas, deixem-me que vos diga que é um pouco - para não dizer muito - ridículo, ver no metro, nos autocarros, na rua, terrestres agarrados aos seus telemóveis enviando mensagens como se estas fossem salvar o planeta. Como se da urgência daquela mensagem dependessem vidas humanas.
E quando não existiam telemóveis? Por onde andava a passear a urgência?
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Claro que eu também poderia falar dos terrestres em miniatura que são uns agarrados de primeira, uns viciados em jogos de computador, de playstation, poderia. Mas não vou, é um assunto por demais batido.
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Também poderia falar da loucura pelo Ipod. Mas não vou.
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Se me desse na cabeça, também poderia falar nos viciados na Net. Naqueles que até quando vão de férias levam o computador. Mas não vou.
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Até quem sabe, poderia falar naqueles terrestres que ficam em casa num sábado à noite para desfrutar dos 300 canais que têm à disposição na sua T.V. Mas, descansem não vou falar deles.
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Podia falar, mas digo desde já que não vou, sobre os terrestres que têm de ter sempre o último modelo de todos os aparelhos que já possuem.
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Claro que temos aqueles terrestres que não sabem viver sem um atendedor de chamadas. Mas, também não vou falar desses.
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Eu poderia falar de tanta coisa. Mas o que realmente me chateia é ver o Pombo-Correio no desemprego, ignorado, desprezado, apenas porque agora temos umas coisas electrónicas que dão jeito.
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É alarmante se prestarmos atenção às estatísticas. Existem mais Pombos-Correrios no desemprego do que humanos, quando estes existem para servir os humanos. O Pombo-correio vive agora da caridade de alguns e os humanos lá vão enviando SMS urgentes, que vão salvar o planeta.
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A evolução pode ser madrasta para alguns. Basta perguntar ao Pombo-Correio.
E já agora, é madrasta para vocês?
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Eu, sinto muito pelo Pombo-Correio.
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